A rota dos Baobás após passar e semear suas ações na região do rio de janeiro no mês de agosto, seguiu em duas equipes durante o mês de outubro passando por algumas comunidades do Espírito Santo e Rio de Janeiro e a segunda equipe efetuando a instalação das antenas de internet no território dos Kalungas em Goiás. Saímos de Campinas dia 4/10 percorrendo 499km rumo ao Rio de Janeiro, nossa equipe inicial era formada por três pessoas. Passamos a noite em Santa Tereza na casa de Nay Mahim e seguimos na manhã seguinte rumo à Vitória – ES, percorrendo mais 510 km. Chegamos por volta das 20h em Vitória, passamos a noite na Casa da Barão, casa de cultura autônoma onde moram nossos parceiros PC, Luara, Sagás e Angélica que também são integrantes da Rede mocambos. Na manhã seguinte, dia 06/10 saímos de Vitória rumo à São Matheus, agora com 6 integrantes na equipe. Apos percorrer 213km chegamos a tarde na comunidade quilombola Divino Espírito Santo, lá passamos três dias efetuando oficinas de produção audiovisual, rodas de conversa com a comunidade, oficina de manutenção de computadores, apresentação do baobáxia, discussões sobre território digital livre e oficinas de mapeamento,dança e grafite.

A comunidade quilombola Divino Espírito Santo é rodeada pelo plantio proprietário do eucalipto para fabricação de celulose além da diária extração de petróleo. São muitos hectares reservados para o plantio do eucalipto, diferente da comunidade que além de suas casas têm apenas o território da associação. Na comunidade se produz muito o Beiju, que é feito a base da goma da mandioca, porém por estarem passando por um período de seca já a dois anos, não conseguem efetivar o plantio da mandioca, sendo assim têm que comprar de fora e conseguintemente aumentar o preço da venda do beiju. Deixamos a comunidade uma muda de baobá que foi plantada e ritualizada na associação. Na manhã do dia 9/10, seguimos por mais alguns quilômetros até o quilombo de Linha rinho onde encontramos Dona Miúda, liderança da comunidade. Passamos a tarde lá, tentamos conectar algumas máquinas que haviam no telecentro e deixamos a ela outra muda de baobá. No fim da tarde voltamos para de Vitória, no caminho passamos novamente na comunidade Divino Espírito Santo onde vimos o baobá já plantado e seguimos a partir das 19h por mais 215 km. Chegamos em Vitória por volta das 23h e ficamos lá durante o dia 10/10, foi quando ocorreu uma roda de tambores na casa da barão, onde encontramos e conhecemos algumas pessoas que moram em vitória e que também estão conectados com a arte e a cultura negra. No dia 11/10, saímos de Vitória pela manhã e seguimos até Quissamã -RJ. Lá encontramos um grande baobá que deve ter cerca de 320 anos e em seguida fomos até a comunidade quilombola Machadinha. Dalma é professora e moradora da comunidade, foi quem nos apresentou o quilombo e contou algumas histórias. O quilombo de Machadinha é o único quilombo do Brasil onde os quilombolas ainda habitam nas senzalas onde seus antepassados escravizados ficavam. Hoje são cerca de 300 famílias que residem nessas senzalas(que foram adaptadas). Dona Dalma por exemplo, mora na senzala onde sua tataravó morou e criou sua família. Em meados do século 18 João Carneiro da Silva , contratador de diamantes da coroa Portuguesa adquiriu as terras da Fazenda Machadinha. Em 1851 quando João Carneiro morreu a área foi herdada pelo sobrinho, Manoel Carneiro da Silva ( filho do Visconde de Araruama )que foi casado com a filha do Duque de Caxias. Nessa época a Fazenda Machadinha chegou a ter 8 mil escravizados.Atualmente a comunidade além das senzalas tem uma pequena parcela de terra que não é suficiente para criar uma horta comunitária por exemplo. Ao redor do quilombo muitos hectares pertencem aos donos de terra e onde há o plantio da cana e a criação de gado. Muitos dos quilombolas trabalham na colheita da cana para garantir o sustento.No quilombo Machadinha a tradição jongueira é muito forte e presente comunidade. No ano de 2011 o Jongo Dito Ribeiro daqui de Campinas foi conhecer esse quilombo e então entregamos a eles uma muda de baobá que foi levada e plantada no quilombo de Machadinha. Reencontramos esse pé de baobá que brotou aqui na Casa de Cultura Tainã e que hoje se encontra forte no território do quilombo. Depois de conhecer a conhecer um pouco da comunidade a rota seguiu por mais 217 km até o Rio de Janeiro. Chegamos lá por volta das 23h e passamo o dia seguinte, 12/10, na casa de Tenka Dara. No dia 13/10 percorremos por mais 300 km até o quilombo do Campinho onde foi deixado um dos protótipos da antena da rádio que havia sido utilizada em Cavalcante, no território Kalunga. No dia 14/10 percorremos por mais 300km até Campinas chegando às 18h.

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