Experiências de vida, vivências, trocas e carinho. Assim começou o último dia de encontro com os jovens Kalungas na Casa Tainã. Ao longo de todo dia foram feitas rodas de conversa. A primeira roda do dia foi para compartilhar e expor a própria experiência com a viagem.
Aos poucos cada um dos participantes foi relatando o que sentiu, como recebeu as informações e como estão processando-as. A abertura da roda de prosa se deu através da kalunga Sidene Torres, moradora do município de Cavalcante e formada em licenciatura em “educação no campo” pela Universidade de Brasília. Sidene iniciou sua fala destacando a importância de termos espaços que nos fortaleçam enquanto pessoas. “Conhecer a Tainã me deu varias ideias para a Casa Kalunga. Aqui, além de ser um ponto de convivência é um ponto de pesquisa também”, disse ela.
Outro ponto importante colocado na roda foi o fortalecimento da luta do povo e a união dos povos tradicionais, quilombolas, indígenas e ribeirinhas. Como defendeu a kalunga Laísa Santos “acredito que o que me fez estar aqui é o povo, to aqui pela luta”.
Foram ouvidos mais depoimentos que nos trouxeram à tona sensações de descobertas, inquietações, desconfortos, pertencimento e conforto como contou Angel Luís “a roda de conversa é uma tecnologia avançada. Ela possibilita olharmos o outro, pensar e falar. A roda é um espaço de troca de conforto e segurança entre as pessoas.”
Na parte da tarde foram tirados alguns encaminhamentos, agenda e próximas ações da Rede Mocambos em conjunto ao território Kalunga:
Assista os relatos Kalungas que contam um pouco da Rede Mocambos e da Rede de Comunicação Kalunga. Gravados no encontro de final de março na Casa de Cultura Tainã..
O encontro faz parte da formação continuada promovida pelo Núcleo Kalunga, Núcleo do Mercado Sul e o Núcleo Tainã. Nos dias antes o grupo participou do evento de telefonia GSM comunitária, organizado com a rede mexicana Rhizomatica.
A ida até o terrirório de Diamantina em Janeiro de 2017, foi uma iniciativa que de início não havia sido traçada no projeto mas, que fluiu e foi realizada com a mesma intensidade em que ocorreu nas outras comunidades em que a Rota dos Baobás passou. Saimos da Casa de Cultura Tainã (Campinas – SP) no dia 24 de Janeiro às 15h, e seguimos direto para Diamantina com apenas duas paradas pra descanso e alimentação: a aprimeira às 18h em Carmo da Cachoeira já no Estado de Minas Gerais, e a segunda por volta das 21:40 em Belo Horizonte, onde nos conectamos com nosso parceiro Maurílio que é programador e que adiquiriu seus conhecimentos e contatos com o softwer livre na Tainã. Maurílio e sua companheira Ofélia que é astróloga, nos esperavam em sua casa junto com sua filha Lua de 7 anos. Chegamos na casa deles às 03:00h percorrendo um total de 870 km (de Campinas à Diamantina). Na manhã seguinte dia 25, conversamos com Ofélia e Maurílio que já haviam se programado para nos receber na Universidade Feredal dos Vales do Jequitionha e Mucuri, já que Ofélia é professora de Educação no Campo na Universidade. Então a tarde fomos até lá onde ela cedeu suas aulas pra gente fazer uma apresentação e conversar com os estudantes. Foi interessante o diálogo pois a Rota dos Baobás e a Rede Mocambos também pensa e articula ações que envolvem a agroecologia, troca de sementes criolas, a apropriação e registro das informações que nos são necessárias para o cultivo e preservação das nossas sementes e memórias. Grande parte das estudantes daquela sala eram mulheres quilombolas, o que tornou nosso contato ainda mais conectivo e simbólico. Trocamos ideias, notícias sobre as comunidades, seus territórios; telecentros, além de apresentar a plataforma do Baobáxia e algumas das ações que foram realizadas pela Rota nas comunidades quilombolas até então. As estudantes são de quilombos diferentes mas da região, alguns mais próxios do território de Diamantina outros mais longes. Entregamos à elas sementes de Baobás para serem plantadas em seus terretórios. A universidade fica à apenas 5 quilometros de distância da casa de nossos parceiros, onde tivemos a base para garantir o descanso e comunicação durante todo processo. Na manhã do dia 26, fomos novamente à Universdidade, mas desta vez em outra turma que também estuda Educação no campo e que também têm em sua maioria estudantes de comunidades quilombolas de Minas Gerais. Começou a ser pensado a possibilidade de criar núcleos de formação continuada dentro da Universidade, pensando em estruturar ainda mais os jovens para fortalecerem suas comunidades tanto no sentido de apropriação tecnológica digital quanto de preservação e compartilhamento de saberes partindo des do princípio de registrar os conhecimentos da comunidade e compartilhar com outras à trazer técnicas digitais para fazer manutenção por exemplo das máquinas dos telecentros que estão fora de uso em algumas comunidades. Ao longo da conversa fluiu ideias e questionamentos que sendo aprimorados podem potencializar os jovens, as comunidades e até...
]]>No mês de Novembro, seguimos trilhando com o projeto Rota dos Baobás, que partiu na manha do dia 9/11 saindo de Campinas com uma equipe formada por cinco pessoas: Akin Barbosa, Luara Monteiro, Felipe, mestre TC e Layla. Percorremos 360 quilômetros até o quilombo de Ribeirão Grande que fica entre o estado de São Paulo e Parana. Lá fomos recebidos pela forte militante Nilse, seu companheiro, seus filhos e também pelo grande guerreiro Pininxa. Passamos a noite com eles na casa de Nilse pensando sobre as estratégias políticas necessárias para conquistar muitos dos direitos que ainda nos faltam. Trocamos notícias sobre nossas comunidades, histórias e saberes em torno do fogão a lenha e ao som do rio que corre ao lado da casa. Nessa comunidade as famílias praticam a agricultura de subsistência onde plantam em suas roças, se alimentam, trocam, vendem e compartilham os alimentos das colheitas. Na manhã seguinte trocamos sementes. Deixamos a eles um punhado de sementes de feijão preto/ valença que foi dado por Tio Mané do quilombo de São José da Serra.
Na manha do dia 10/11 percorremos mais 470 quilômetros até a comunidade quilombola Morada da Paz que fica no Estado do Rio Grande do Sul a cerca de 77 quilômetros de Porto Alegre. Chegamos lá no começo da noite bem no momento em que estava havendo os trabalhos religiosos da casa. Fomos recebidos por toda família e pelo circulo de boas energias e acolhimento. No dia seguinte, 11/11 acompanhamos algumas das atividades da casa, e conversamos sobre as propostas da Rota dos Baobás; sobre a história e das lutas pelo território e construção da Morada da paz, sobre as políticas que vivemos e que queremos e tantos outras pautas que fluíram ao longo da conversa. No dia 12/11 fomos com os quilombolas da comunidade até a feira do Livro em Porto Alegre, onde fizeram um cortejo de maracatu (grupo Omadê de pijama) e também onde nosso companheiro Felipe que é do Jongo Dito Ribeiro de Campinas deu uma oficina de Jongo. Voltamos até a Morada e depois do almoço Luara deu uma oficina de filmagem e edição, onde os quilombolas produziram um video sobre a Comunidade e sobre a visão que tem sobre a rede mocambos lá. No dia seguinte parte da equipe percorreu os arredores da comunidade para analisar o território e as possibilidades de implantação das antenas para possibilitar uma conexão de internet livre para comunidade. A comunidade Morada da Paz desde de seu início visa construir um espaço que seja ideal para o crescimento e educação das crianças, sendo assim praticam da melhor forma ações que sempre estão em harmonia com a natureza e com a evolução humana. Pensando nisso, com a orientação de Mãe Preta (entidade guia da casa) a comunidade decidiu criar a Concóla, que é uma escola que tem como proposta carregar valores e saberes ancestrais eque seja livre dos métodos padrões de ensino como os do estado brasileiro. Com base nesta proposta, no dia 14/11 aconteceu embaixo...
]]>A rota dos Baobás após passar e semear suas ações na região do rio de janeiro no mês de agosto, seguiu em duas equipes durante o mês de outubro passando por algumas comunidades do Espírito Santo e Rio de Janeiro e a segunda equipe efetuando a instalação das antenas de internet no território dos Kalungas em Goiás. Saímos de Campinas dia 4/10 percorrendo 499km rumo ao Rio de Janeiro, nossa equipe inicial era formada por três pessoas. Passamos a noite em Santa Tereza na casa de Nay Mahim e seguimos na manhã seguinte rumo à Vitória – ES, percorrendo mais 510 km. Chegamos por volta das 20h em Vitória, passamos a noite na Casa da Barão, casa de cultura autônoma onde moram nossos parceiros PC, Luara, Sagás e Angélica que também são integrantes da Rede mocambos. Na manhã seguinte, dia 06/10 saímos de Vitória rumo à São Matheus, agora com 6 integrantes na equipe. Apos percorrer 213km chegamos a tarde na comunidade quilombola Divino Espírito Santo, lá passamos três dias efetuando oficinas de produção audiovisual, rodas de conversa com a comunidade, oficina de manutenção de computadores, apresentação do baobáxia, discussões sobre território digital livre e oficinas de mapeamento,dança e grafite.
A comunidade quilombola Divino Espírito Santo é rodeada pelo plantio proprietário do eucalipto para fabricação de celulose além da diária extração de petróleo. São muitos hectares reservados para o plantio do eucalipto, diferente da comunidade que além de suas casas têm apenas o território da associação. Na comunidade se produz muito o Beiju, que é feito a base da goma da mandioca, porém por estarem passando por um período de seca já a dois anos, não conseguem efetivar o plantio da mandioca, sendo assim têm que comprar de fora e conseguintemente aumentar o preço da venda do beiju. Deixamos a comunidade uma muda de baobá que foi plantada e ritualizada na associação. Na manhã do dia 9/10, seguimos por mais alguns quilômetros até o quilombo de Linha rinho onde encontramos Dona Miúda, liderança da comunidade. Passamos a tarde lá, tentamos conectar algumas máquinas que haviam no telecentro e deixamos a ela outra muda de baobá. No fim da tarde voltamos para de Vitória, no caminho passamos novamente na comunidade Divino Espírito Santo onde vimos o baobá já plantado e seguimos a partir das 19h por mais 215 km. Chegamos em Vitória por volta das 23h e ficamos lá durante o dia 10/10, foi quando ocorreu uma roda de tambores na casa da barão, onde encontramos e conhecemos algumas pessoas que moram em vitória e que também estão conectados com a arte e a cultura negra. No dia 11/10, saímos de Vitória pela manhã e seguimos até Quissamã -RJ. Lá encontramos um grande baobá que deve ter cerca de 320 anos e em seguida fomos até a comunidade quilombola Machadinha. Dalma é professora e moradora da comunidade, foi quem nos apresentou o quilombo e contou algumas histórias. O quilombo de Machadinha é o único quilombo do Brasil onde os quilombolas ainda...
]]>A Rota Sudeste teve início na manhã do dia 28/8. Saímos de Campinas percorremos 190 km até Taubaté onde encontramos nossos parceiros Ivan, Paula e o filho deles Samuel. Seguimos juntos e no caminho também passamos no Ilê Axè Omò Aiye de Ya Nadya e mestre Lumumba , que fica em São Luiz do Paraitinga. Tivemos um reencontro cheio de energia e memórias, trouxemos de lá mudas de Araucária e muito axé. Seguimos em frente. Descemos a serra no fim da tarde, percorrendo mais 60 km e chegando a noite na casa de nossos parceiros Ivan e Paula que nos apresentaram toda a tecnologia sustentável que utilizaram para construir a casa, que envolve: placas solares, adobe, vigas de madeira teto verde e outras tecnologias que reduzem gastos e danos a natureza.
Passamos a noite lá e no dia seguinte percorremos alguns quilômetros a caminho do Quilombo da Fazenda da Caixa. Por lá passamos pelo telecentro da comunidade onde já foi feita ações e intervenções da Rede Mocambos por volta do ano de 2007, e onde nos conectamos através da antena Gesac para fazer as comunicações necessárias com a equipe e com as lideranças que encontramos depois. Logo em seguida fomos caminhando até a Casa de Farinha, onde encontramos Seu Zé Pedro que ali estava sentado cheios de histórias pra contar. A casa de Farinha foi fundada no sec. XIX e utilizava do trabalho escravo para produzir álcool e açúcar, mas hoje produz farinha. Zé Pedro me contou, que os negros que ali trabalhavam foram trazidos de vários países diferentes da África, seu avô por exemplo, veio de Angola e naquele dia deixamos a ele uma muda de Baobá cuja semente veio de Moçambique e foi semeada na Tainã, e também deixamos uma das mudas de araucária dadas pelo mestre Lumumba que serão plantadas pelas mãos de Zé Pedro e pelas mãos d@s quilombolas da comunidade. Trouxemos um quilo de farinha que foi produzida lá e uma compota de mel. Seu Zé Pedro também nos presenteou com seu livro: Eu tenho o meu sonho.
Continuamos seguindo pela Br 101, que da acesso a diversos quilombos do litoral de Ubatuba a Paraty. Essa rodovia quando construída dividiu diversos quilombos ao meio, tais como o Quilombo da Fazenda da Caixa. Sendo assim, atravessamos a rodovia para acessar a outra parte do quilombo que fica dentro de uma reserva florestal, lá encontramos Laura, grande parceira e liderança da comunidade e deixamos o convite para @s quilombolas que quisessem nos acompanhar e fortalecer a Rota dos Baobás. Caminhamos cerca de 70 km rumo ao quilombo do Campinho, chegamos a noite e fomos recebidos pelo Fabinho e sua família. Em especial sua mãe Dona Dalva, nos acolheu com muito carinho e afeto. No Quilombo do Campinho realizamos uma roda de conversa pra falar sobre assuntos estruturantes pra comunidade e para o movimento. Foi realizado duas oficinas que envolveu cerca de 10 crianças que aprenderam e executaram a manutencao das máquinas, instalacão do software livre nas máquinas...
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